quinta-feira, 25 de junho de 2009

Leitura Complementar

O que é cognitivismo?

Adriana Munhoz Carneiro¹

Castanõn, Gustavo (2007). O que é cognitivismo? Fundamentos filosóficos. São Paulo:EPU. 141p.

Em objeção aos métodos behavioristas e
psicanalíticos utilizados, surge o cognitivismo.
Diferentemente do imaginado, este movimento provém de
disciplinas externas à psicologia, tais como Engenharia,
Lingüística, Filosofia da Ciência, Matemática e
Neuropsicologia, tendo como principal objetivo o estudo
da consciência e da mente. Apesar de sua importância, o
cognitivismo, que gerou subcorrentes como a psicologia
cognitiva e a ciência cognitiva, carece de descrições na
literatura, motivo pelo qual Gustavo Castanõn resolve
escrever esta obra.
O início do livro conta com uma apresentação
escrita por João de Fernandes Teixeira, que considera a
obra inovadora e de grande utilidade por sua interpretação
histórica da revolução cognitivista. Em seguida, Castanõn,
ao escrever a introdução, relata a dificuldade de se
encontrar livros de história da psicologia que se dediquem a
descrever os fundamentos filosóficos desta abordagem e
apresenta sua obra como uma tentativa de suprir essa
necessidade aparente do cenário da psicologia.
Assim, o livro visa proporcionar um breve
conhecimento e reflexão acerca dos fenômenos epistemoló-
gicos e filosóficos que influenciaram esta corrente. Está
organizado em 5 capítulos, os quais, com exceção do último,
são introduzidos por um epílogo e contêm subcapítulos, que
facilitam a leitura e entendimento.
No capítulo inicial, o autor realiza um retrospecto
acerca dos movimentos antecedentes ao cognitivismo e vai
ampliando os horizontes do leitor ao enfocar,
gradativamente, os movimentos e teóricos responsáveis por
fundamentar e possibilitar o surgimento dessa teoria. O
racionalismo crítico de Popper é colocado como o
movimento mais importante para o surgimento e aceitação
do cognitivismo, em razão da mudança na visão da
pesquisa científica e da aceitação acerca dos estudos de
processos cognitivos que propiciou. Ainda neste capítulo, o
autor aborda a psicologia cognitiva dos dias atuais e os
avanços científicos que alavancaram o cognitivismo, como
a chegada do computador e o interesse pela compreensão
dos processos cognitivos de forma mentalista, o que
proporcionou o surgimento da inteligência artificial. Um
outro fator seria a obra de Chomsky, que derrubou o
conceito de comportamento verbal proposto por Skinner.
O capítulo seguinte é dedicado a relatar os
fundamentos do cognitivismo e da psicologia cognitiva,
proporcionando ao leitor conhecimento acerca dos
pressupostos ontológicos e da relação do cognitivismo com
o realismo e o determinismo, postulando de forma concisa
a visão do cognitivismo acerca do indivíduo e do
processamento cognitivo de informações. Aborda ainda, de
forma clara, como o processo de representações mentais e
o indivíduo são estudados e interpretados, salientando as
diferenças entre o homem e o computador. O método
hipotético-dedutivo utilizado nesta teoria é também
descrito nesse capítulo, assim como o indivíduo é
interpretado, sinalizando as divergências e convergências
com outras teorias, inclusive na distinção da relação mente-
corpo.
O terceiro capítulo é dedicado à psicologia
cognitiva e à epistemologia. Nele são apresentados os pres-
supostos epistemológicos do cognitivismo, enfatizando-se
o racionalismo crítico de Popper e sua relação com o
cognitivismo, assim como a importância de seu autor,
muitas vezes não reconhecida. À luz das idéias de Popper, é
discutida a visão do inatismo e do construtivismo,
inserindo-se ao longo do subcapítulo as visões sustentadas
por Fodor, Piaget e Chomsky a respeito destes temas,
visando a uma reflexão do leitor acerca do tema. Inclui-se
também neste subcapítulo o conceito de falseabilidade do
racionalismo. O capítulo também é destinado ao processo
da explicação científica do cognitivismo e a obtenção de
conhecimento, mostrando a necessidade da epistemologia
para a ciência cognitiva.
O quarto capítulo destina-se a relatar as
metodologias das quais a psicologia cognitiva lança mão
para estudar seu fenômeno, assim como a importância da
simulação computadorizada e da neurociência para a
ciência cognitiva. Inicialmente, o capítulo apresenta a
interação das subcorrentes cognitivistas e, na seqüência, é
abordado de forma precisa o método científico de Popper e os atuais, cada um deles sendo dividido em um subcapítulo. Os métodos construtivos e o avanço dos
recursos técnicos são descritos nesse capítulo como
avanços necessários para a psicologia cognitiva e, como
exemplo, é citada a simulação computadorizada. O capítulo
é finalizado descrevendo o delineamento experimental de
uma pesquisa, assim como a posição da psicologia
cognitiva acerca deste, além das contribuições da
neurociência no campo da psicologia cognitiva e da ciência
cognitiva.
Por fim, no último capítulo, Castanõn faz um
fechamento de seus estudos e expõe seu ponto de vista acerca do que foi apresentado. Assim, conclui a obra
afirmando o objeto de estudo tanto do cognitivismo
quanto da psicologia cognitiva: a consciência, e não o
computador. O livro pode ser considerado interessante,
indicado àqueles que pretendem compreender mais a
respeito dos fundamentos do cognitivismo e das áreas
derivadas, tais como a psicologia cognitiva, neuropsicologia
e ciência cognitiva. A linguagem utilizada é clara e de fácil
compreensão, inclusive para aqueles que não possuem
conhecimento algum acerca do cognitivismo, sendo
inseridos, ao longo dos capítulos, exemplos que facilitam o
entendimento.

Sobre a autora:

Adriana Munhoz Carneiro é graduanda em Psicologia pela Universidade São Francisco e faz parte do Programa de
Iniciação Científica como bolsista PROBAIC/ USF.

Disponível em:http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/psicousf/v12n2/v12n2a23.pdf, acessado em 22.06.2009.

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